Amor em vários Atos 1
Amor em vários Atos 1
Fábio era um rato de biblioteca. Passava praticamente todo o tempo vago garimpando bons livros na vasta biblioteca de sua Universidade. Ninguém conhecia aquele espaço melhor do que O Rato (era assim que Fábio era chamado). Ali ele se sentia bem, dominador do ambiente, conquistador das prateleiras, colonizador dos saberes. Sabia onde cada livro se encontrava. Possuia uma afinidade com cada espaço daquele ambiente.
Gostava de passear pelas estantes, correr os olhos pelos títulos, tirar, fazer vistorias no conteúdo. Gostava de estar nas mesas (quase sempre solitário), com uma caneta e um bloco de notas sempre fazendo anotações, sempre ávido, como se quisesse comer o conhecimento em doses de fome explícita.
Certo dia, algo diferente aconteceu. Lúcia, uma novata do primeiro semestre do curso de Letras estava a passear pelas estantes. Fábio a observa ao longe e a admira logo de início. Dedos curtos a deslizar pelos livros, olhos por cima de um óculos redondo, olhar fixo, mordidas leves nos lábios superiores, passos lentos, cabelo curto.
Difícil explicar de onde vem isso que as pessoas chamam de amor, isso que os poetas tanto declamam e os cantores tanto cantam.
Francimar Pires
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