DO SÁBADO PARA O DOMINGO

DO SÁBADO PARA O DOMINGO

INTRODUÇÃO

A quase universal aceitação do Domingo como dia de repouso cristão em lugar do Sábado bíblico nos leva a indagar a respeito de sua origem e absorção por parte do cristianismo.

Referências no Novo Testamento ao "primeiro dia da semana":

1. Mateus 28:1


"No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro".

"No findar o sábado" indica algo "depois do sábado" (NTLH). Os judeus contavam o dia de um pôr-do-sol ao outro. Portanto, esta referência faz sentido quando pensamos em algum momento depois das 18 horas da noite.

"Ao entrar o primeiro dia da semana" é o mesmo que "domingo de manhã bem cedo" (BV), "quando estava ficando claro", ao amanhecer.

"Maria Madalena". Se considerarmos a localização da terra santa, o dia começa as 4 da manhã e o sol começa a sair as 5:30. O evento ocorreu nas primeiras horas do nascer do sol.

Relato da ressurreição.

2. Marcos 16:1,2,9


"Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo.


E, muito cedo, no primeiro dia da semana,  ao despontar do sol,foram ao túmulo.


Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios".

"Passado o sábado", ou seja, depois do pôr-do-sol, "muito cedo", ou seja, ao nascer do sol, "havendo ele ressuscitado"...

Relato da ressurreição.

3. Lucas 24:1


"Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado."

"No primeiro dia da semana", no domingo. "Alta madrugada", de manhã bem cedo, ao nascer do sol.

Relato da ressurreição.

4. João 20:1, 19


"No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida".

"No primeiro dia da semana", domingo. "Madrugada", com o dia ainda escuro.

Relato da ressurreição.

Verso 19


"Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: paz seja convosco!"

"Ao cair da tarde", esse encontro ocorreu depois que os dois discípulos retornaram de Emaús, tarde da noite (ver Lucas 24:33).

"O primeiro dia da semana". De acordo com o cômputo romano, a reunião teria acontecido nas horas da madrugada; no cômputo judaico, a reunião teria tido lugar no segundo dia da semana.

"Trancadas as portas da casa". Alguns querem crer que esse foi o momento de um encontro religioso no primeiro dia da semana para justificar uma adesão ao domingo desde a era apostólica.

"Com medo dos judeus", mas esta expressão nos garante que, primeiro, não era uma reunião, mas um esconderijo, segundo, o motivo do esconderijo e das portas fechadas era o medo da perseguição dos judeus.

Encontro no esconderijo por medo.

5. Atos 20:7


"No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, que deveria seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite".

"No primeiro dia da semana" se refere ao domingo.

"Estando nós reunidos" parece se referir a uma reunião de cunho religioso para "partir o pão", uma referência a uma possível ceia eucarística. Mas este encontro neste dia parece ter um motivo especial, a "viagem no dia imediato de Paulo", e não uma prática cristã regular

. E a forma de computar usado por Lucas parece ser romana.

Se o cômputo era romano, a reunião começou no domingo (sem hora), terminou na segunda, depois da "meia-noite".

6. I Co 16:2


"No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não faça coletas quando eu for".

"No primeiro dia da semana"se refere ao domingo. O texto fala de uma recolta. O que não vemos é periodicidade no ato de se reunir aos domingos.

"Quando eu for". Essa expressão parece justificar o encontro no "primeiro dia da semana", e Paulo pede para os irmãos começar a por de parte esse valor a partir do primeiro dia, "para que não se façam coletas quando eu for".

Não há referência a uma continuidade.

I - CULTO AO SOL NO IMPÉRIO ROMANO

Somente a história extrabíblica pode esclarecer essa questão da mudança do sábado para o domingo.

1. O culto ao sol no Império Romano

Quando o cristianismo chegou à capital do Império, Roma, encontrou uma religião que dominava, o mitraismo persa, o movimento mais forte dentro de Roma antes do cristianismo.

Os dias religiosos estavam estampados no calendário romano:

Domingo- Dies Solis


Segunda- Dies Lunae 


Terça- Dies Martis


Quarta- Dies Mercuriis


Quinta- Dies Jovis 


Sexta- Dies Veneris


Sábado- Dies Saturni

A adoração pagã estava estampada em cada dia da semana romana.

Em 270 d.C., o imperador Aureliano oficializa o culto ao sol e elege o mitraismo como religião oficial do império, e acrescenta como titulo ao imperador Invictus Solis.

Em Março de 321 d.C., Constantino promulga sua famosa lei dominical oficializando o descanso no "venerável dia do sol".

"Que todos os magistrados, habitantes das cidades, mercadores e artífices descansem no venerável dia do sol" (Codex Iustinianus).

Uma era de sincretismo religioso e crescente monoteísmo em que os filósofos e o povo comum viam cada vez mais todas as divindades como emanações de uma força divina suprema.

O sol era associado com Mitra. E Mitra era considerado o mais poderoso e o mais imediato mediador divino entre os seres humanos e a majestade invisível do deus supremo.

Esse sincretismo religioso favoreceu o abandono do impopular sábado bíblico e a aceitação do popular domingo pagão.

II - O DOMINGO NO CRISTIANISMO PÓS-APOSTÓLICO

Outro fator básico no processo de substituição do sábado bíblico pelo domingo pagão foi o crescente espírito antijudaico alimentado pelas revoltas dos judeus contra o jugo romano. A revolta nacionalista judaica de 66 d.C. culminou com a destruição de Jerusalém e do templo no ano 70 d.C.

A fim de não serem confundidos com os rebeldes judeus, os cristãos começaram a abandonar algumas crenças básicas do judaísmo (sábado semanal e a Páscoa no 14 de Nisan, inclusive causando o primeiro cisma da igreja do oriente com o ocidente).

Um terceiro fator que contribuiu para a aceitação do domingo como dia de guarda em lugar do sábado bíblico foi a releitura alegórica dos textos bíblicos para harmoniza-los com o novo sincretismo cristão-pagão.


O método alegórico proveu suficiente flexibilidade interpretativa para fazer os textos bíblicos sobre o sábado como se estivesse endossando o domingo.

Um quarto fator que contribuiu para a aceitação do domingo como dia de guarda em lugar do sábado bíblico foi uma espécie de antecipacionismo histórico onde as declarações pós-apostólicas dos pais da igreja são consideradas confiáveis e normativas.

No período pós-apostólico, por algum tempo, um número considerável de cristãos continuaram guardando o sábado bíblico em paralelo à emergente observância do domingo.

III- MUDANÇA DE ÊNFASE

A Igreja Católica Apostólica Romana tradicionalmente reconhecia ter mudado a celebração do sábado para o domingo em virtude de sua autoridade eclesiástica apostólica. Vejamos o que diz a bíblia sobre.

DANIEL 8

V. 1


"Ano terceiro" seria mais ou menos 553/552 a.C.


"Rei Belsazar" seria provavelmente neto de Nabucodonosor por parte de mãe, um parentesco distante mas prestigioso.


"Uma visão" se refere ao um conjunto de elementos ou parte deste conjunto (cap. 8).


"Depois daquela" seria uma referencia clara à visão do capítulo 7, uma notória conexão.

V. 3


"Um Carneiro" seria um elemento importante. Segundo o verso 20 o Carneiro seria o reino Medo-Persa. Esse Carneiro possuía "dois chifres" (v.3), sendo que cada chifre representa uma das duas nações, sendo um chifre Média e o outro a Pérsia. Um dos dois era "mais alto do que o outro", embora tenha se levantado depois da Média, a Pérsia se tornou o poder dominante com Ciro contra Astíages em 550 a.C.

V. 5


"Um Bode". De acordo com o verso 21, "o Bode peludo é o rei da Grécia", os macedônios, como eram apelidados.


"Um chifre notável" seria o mais importante rei macedônio, Alexandre, o Grande. Assim diz o verso 21, o "primeiro rei.

V. 8


"Quebrou-se-lhe o grande chifre", ou seja, morre Alexandre, o Grande.


"Quatro chifres notáveis" representam os 4 generais próximos a Alexandre que reportaram o reino depois da morte sua. São eles: Ptolomeu, Cassandro, Lisímaco e Seleuco. No verso 22 diz "quatro em lugar dele", quatro generais, reinos, no lugar dele, Alexandre. "Quatro reinos se levantarão", quatro dinastias.

V. 9


"Um chifre pequeno" que representa o próximo poder depois da Grécia. Seria o império romano. "Um rei de feroz catadura". O verso 24 diz que "grande é o seu poder", "prosperará", e o verso 25 diz que "fará prosperar o engano".

V. 12


"Deitou por terra a verdade". Esse poder transformou a verdade de Deus em mentira. Jogou a verdade ao chão.

Ver 7:25 onde diz que esse poder "cuidará em mudar os tempos e a lei". O tempo é uma prerrogativa de Deus. Ele controla o tempo das nações. Ele dirige a história (ver 7:22). Por expressão lei podemos inferior tanto leis humanas como a lei divina. Como as leis humanas são mudadas por cada império que levanta, esta lei só pode se referir à lei de Deus.

Esse poder roubaria as duas prerrogativas divinas: tempos (o controle da história) e a lei (controle da moral humana).

CONCLUSÃO

Houve uma notória mudança de dia de guarda do Sábado Bíblico para o Domingo. Essa mudança não se baliza pela bíblia, sendo que os textos no Novo Testamento que se referem ao domingo nada abonam de um possível tratamento diferenciado ao "primeiro dia da semana".

Mas a história nos revela muito sobre essa mudança. Sendo o império romano o centro do mundo político e, posteriormente, o centro do mundo religioso, e havendo um sincretismo religioso entre o cristianismo e as demais religiões, sobretudo a midrástica, aconteceu a fusão e a adoção de práticas pagãs, entre elas o culto ao deus sol em seu dia, o "primeiro dia da semana".

Aos poucos o dia de guarda espúrio foi tomando força e substituindo o sábado bíblico até o maior bloco do cristianismo assumir o domingo como dia oficial de guarda. Mas, na história, sempre houve registos de um grupo de teimava em guardar o sábado bíblico. E em metade da idade média, grupos diversos saem em defesa do sábado bíblico.

A mudança de ênfase foi profetizada por Da

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

HUMBERTO GESSENGER E SUAS PREFERÊNCIAS POLÍTICAS

DAVI: GRANDE REI, PÉSSIMO PAI

O PENSAR