ESCRAVOS OU LIVRES? (2° parte)
ESCRAVOS OU LIVRES? (2° parte)
Recapitulando
Primeiramente, todas as traduções da Biblia de João Ferreira de Almeida são diretamente das línguas originais sem a necessidade de nenhuma comparação linguística com qualquer outro idioma se não o Hebraico e o Grego.
Em segundo lugar, servo e escravo tem o mesmo significado. Os dois termos são sinônimos.
E por último, servo, escravo, escolhe a quem deseja servir. Apesar de Paulo usar a imagem dos escravos do sistema de escravização de seu período histórico, a diferença é a liberdade. O escravo é sempre escravo, mas escolhe quem será o senhor: se o pecado ou Cristo.
Vejamos melhor o último argumento.
Paulo nos apresenta como escravos do pecado. Ele diz: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendo à escravidão do pecado" (Romanos 7:14). Note que Paulo está usando o tempo presente. Paulo repete duas vezes: "O pecado que habita em mim" (vv 17,20).
Paulo também nos apresenta como escravos (ou servos): de Cristo (Ef 6:6), de Deus (Rm 6:22), da justiça (Rm 6:18). Além de servos do pecado podemos ser servos de Cristo.
Paulo ainda nos apresenta como livres. Pois foi "para a liberdade que Cristo nos chamou" (Gl 5:1), porque fomos chamados para a liberdade (v.13).
Paulo usa ELÉUTEROS, substantivo e advjetivo, que significa livre. Usa ainda ELÉUTERÓ, verbo, que significa libertar ou ser liberto. E ainda ELÉUTERÍA, substantivo liberdade.
Somos escravos do pecado.
Somos escravos de Cristo.
Somos livres do pecado.
Somos livres em Cristo.
Para estes contraditórios pontos o Dr Reinold J. Blank usa o argumento do "já e ainda não". As coisas são mas ainda não são. Ou são e não são ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo que somos escravos do pecado por sermos carnais, somos escravos de Cristo, livres do pecado e livres em Cristo.
Onde está o Espírito Santo, há liberdade (II Cor 3:17). Fomos chamados para a liberdade (Gl 5:1,13). Em Cristo, escravos; em Cristo, livres; do pecado, escravos; do pecado, livres. Todas estas realidades no mesmo ser.
Tiago 1:25 fala da lei da liberdade. Lei que dá liberdade. E aconselha a não sermos apenas ouvintes negligentes mas perseverar. Ai seremos bem-aventurados no que fizermos.
Que lei de liberdade é essa? Tiago responde no 2:10-12: o Decálogo. E para Tiago 10-1=0. Ou seja, observar 9 dos 10 é como não observar nenhum.
Finalizo com dois gigantes da teologia que são interpretados limitadamente: Agostinho e Lutero.
Agostinho, em suas Confissões faz uma pergunta: "Onde estava meu livre-arbítrio?" (pg 187). Ele mesmo responde: "Eis que estavas dentro de mim" (pg 235). A essência do livre-arbítrio em Agostinho era Cristo. Em Cristo todos somos predestinados à salvação. Fora de Cristo todos somos predestinados à perdição. O papel do livre-arbítrio? Escolher a Morte ou a Vida.
Lutero tem um opúsculo com o titulo A Liberdade do Cristão onde ele argumenta:
"1°. - Para que tenhamos um conhecimento profundo do que é um cristão e saibamos em que consiste a liberdade que Cristo conquistou para si e a deu a todos, vou adiantar estas duas proposições:
Um cristão é um livre senhor de todas as coisas e não está sujeito a ninguém.
Uma coisa é um servo sujeito a prestação de serviços gratuitos em todas as coisas e é submisso a todos."
Note que o Dr Lutero diz que Cristo comprou liberdade e a deu a TODOS. isso quer dizer que todos somos predestinados à salvação conquistada por Cristo. Argumenta ainda que no cristão impera duas realidade: livre senhor de todas as coisas; e servo sujeito e submisso a todos.
Ele continua:
"2°. - Para entender essas duas formas contraditórias da liberdade e da servidão, devemos nos lembrar de que cada cristão tem duas naturezas, uma corporal e uma espiritual."
Livres e escravos.
Francimar Pires
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