APOCALIPSE PASSO A PASSO: A REVELAÇÃO APOCALIPSE 1:1-3
APOCALIPSE
PASSO A PASSO: A REVELAÇÃO
APOCALIPSE
1:1-3
INTRODUÇÃO
O
apocalipse tem sido apontado como o livro mais difícil da Bíblia. Calvino se
recusou a escrever um comentário sobre ele. Lutero evitou os seus ensinamentos
por muitos anos. A despeito das suas dificuldades, esse livro tal qual como um
imã, atraiu de forma irresistível clérigos, teólogos e leigos ao estudo de sua
mensagem. É a “joia da coroa”, “pedra fundamental da revelação e da glória
divina”. Um “mosaico do restante das Escrituras”. Quase tudo no Apocalipse pode
ser conectado a alguma outra parte da Bíblia. É um “resumo de toda a Bíblia”. O
Apocalipse é um livro para os nossos dias.
Temos
três linhas de intepretação proféticas:
1. Futurista – advoga a ideia de que as
principais profecias do apocalipse estão para se cumprir em um futuro incerto. Assim,
o Anti-Cristo como um elemento individual surgiria em um futuro distante e
esperado. Assim, uma das bestas surgiu no passado, mas a segunda ainda estaria
por surgir.
2. Preterista – defende a ideia de que as
profecias apocalípticas são descrições do período em que o autor vivera. Seria uma
descrição sócio-política primeiro século. Assim, as duas bestas seriam dois
Cesares, o Anti-Cristo poderia ter sido Nero.
3. Historicista – entende as profecias
como sendo um painel da história e que todos os eventos anunciados estariam se
desenrolando no decorrer do tempo e da historia. Mesmo que alguns eventos já se
tenham se cumprido, ainda outros estão por se cumprir por ainda não se ter
chegado o momento de seu cumprimento. Assim, o Anti-Cristo seria uma entidade
histórica que teria surgido em alguém momento entre os terceiros e sextos séculos.
Uma das duas bestas surge pós terceiro século e a segunda surgiria no tempo de
fim.
Estudaremos
o primeiro trecho do livro do apocalipse, a primeira perícope, que corresponde
aos versos 1, 2 e 3 do capítulo 1.
DESENVOLVIMENTO
1.
REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO
Este foi o título que o autor deu ao
seu livro. Este título nega, categoricamente, a ideia de que o Apocalipse se
classifica como sendo um livro selado, de que não pode ser compreendido.
A expressão “de Jesus Cristo” expressa
um duplo sentido. Tanto no grego quanto no português, é possível entender que
esta expressão significa uma revelação feita por Jesus e/ou sobre Ele. Os dois
sentidos parecem ter o mesmo senso comum entre os eruditos. A revelação procede
dEle e é sobre Ele. O Apocalipse acaba sendo uma complementação do Evangelho.
Poder-se-ia até afirmar ser um Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Em Gálatas 1:10-12, o Apóstolo Paulo
defende a procedência de sua mensagem, de seu evangelho. Ele diz: “Faço-vos,
porem, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem”,
ou seja, que não foi de homem que ele o aprendeu. Isso ele salienta no verso
11. E acrescenta no verso 12: “... eu não o recebi, nem o aprendi de homem
algum, mas mediante revelação de Jesus
Cristo”. Desta feita, Paulo está anunciando que sua mensagem, que seu
evangelho vinha, ou seja, tinha procedência em Jesus Cristo. Além de salientar
a procedência de sua revelação, Paulo também comunicava que seu conteúdo era
Jesus Cristo. De Jesus era a procedência e o conteúdo.
2.
DEUS LHE DEU
Deus se torna o Revelador da
revelação. O conceito de Deus como revelador não é estranho no cenário bíblico.
Em Daniel 2:28, o profeta revela a Nabucodonosor, rei de Babilônia, que “há um
Deus no céu, o qual revela os mistérios,...”. Deus é apresentado como o Deus
que revela o Deus Revelador. Assim como O é no Apocalipse, onde Deus, mais uma
vez, é apresentado como o Revelador.
A expressão “lhe deu” provavelmente se
refere ao revelador e conteúdo da revelação: Jesus Cristo.
3.
PARA MOSTRAR AOS SEUS SERVOS
A palavra grega “doulos” era bastante usada pelos primeiros cristãos como um título
para se referirem a si mesmos.
Em Romanos 1:1 Paulo se apresenta como “servo
de Jesus Cristo”. A Bíblia apresenta os cristãos como servos, escravos, doulos.
Em Apocalipse 7:3, falando dos cento e
quarenta e quatro mil, o número dos salvos, o mesmo João diz para que não seja
danificada nem a terra nem o mar, nem as árvores, “até selarmos na fronte os
servos do nosso Deus”. Aqui, os salvos são chamados de servos de Deus, doulos tou Theou.
Em
Apocalipse 22:6 diz: “Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O
Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos
seus servos as coisas que em breve devem acontecer”. Aqui, os fieis a Deus são
chamados de “seus servos”.
Já em Amos 7:3 é-nos dito que Deus “não
fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os
profetas”. Aqui, a palavra “servo” é usada para designar os profetas como
mensageiros de Deus.
É provável haver possibilidade para as
duas possibilidades. A palavra grega doulos
tanto designaria os fieis a Deus, a cristandade, como também designaria os
profetas. Sendo João um dos servos fieis a Deus e profeta.
4.
AS COISAS QUE EM BREVE DEVEM ACONTECER
Sete vezes o autor sugere o futuro
como acontecimentos preditos:
a.
1:1
– “...as coisas que em breve devem acontecer...”.
b.
1:3
– “... o tempo está próximo”.
c.
3:11
– “venho sem demora”.
d.
22:7
– “Eis que venho sem demora”.
e.
22:12
– “Eis que venho sem demora”.
f.
22:17
– “vem!”.
g.
22:20
– “Certamente, venho sem demora”.
A resposta
de João ao futuro era: “vem, Senhor Jesus!”
A iminência
do retorno de Jesus é tanto explicita quanto implícita ao longo do livro.
A segunda
vinda de Cristo é o grande clímax do longo conflito entre Deus e Satanás que se
iniciou quando Lúcifer desafiou o caráter e o governo de Deus.
5.
E QUE ELE
Uma referencia ao portador da
Revelação e ao conteúdo: Jesus Cristo.
6.
SEU ANJO
Do grego aggelos. Significa “mensageiro”. Muitas vezes os anjos atuam como
portadores das revelações divinas:
a.
Daniel
8:16 – Gabriel como portador da revelação
b.
Daniel
9:21 – Gabriel como portador da revelação
c.
Lucas
1:19 – Gabriel como portador da revelação
d.
Lucas
1:26 – Gabriel como portador da revelação
A igreja
adventista defende a ideia de ser o mesmo anjo revelador do passado, como
portador das revelações de Deus: Gabriel.
7.
NOTIFICOU
Do grego sêmainô. Quer dizer “indicar”, “atestar”, por meio de um sinal. Também
traz o sentido de “anunciar”, “revelar”, “tornar conhecido” ou “explicar”. Em si
tratando de Gabriel, como foi com Daniel, é conveniente o uso da tradução “explicar”.
Gabriel tornaria conhecida a verdade por meio de sinais explicando do detalhes
ao profeta.
8.
JOÃO
O autor se apresenta varias vezes e se
identifica como João. Boa parte dos pais da igreja o identifica como sendo
João, o Apóstolo. O nome João no grego é Ioannês. É uma transliteração do nome
hebraico Yoshanan, identificando como sendo um autor judeu.
9.
A PALAVRA DE DEUS
Do grego logos é muito usado e explorado varias vezes pelo Apóstolo João. Se
João usou o termo com o sentido do grego, como o fez com o Evangelho, é provável
um significado bem transcendente do termo assim como o era no sentido dos gregos
da filosofia. Mas, é bem provável que o termo logos, palavra, em conexão com o predicado (palavra de Deus, ho logos tou Theou), é uma provável indicação
da TORAH. No hebraico, o termo especial usado seria DAVAR. DAVAR é a palavra
ativa de Deus, o princípio criativo, a ação criadora.
A expressão “palavra de Deus” significa
uma palavra que vem da parte de Deus, falada por Deus, pronunciada por Deus. Assim
era como os judeus identificavam a TORAH. Ou seja, o Antigo Testamento.
10.
TESTEMUNHO DE JESUS
No verso 5 Jesus é apresentado como a “Testemunha
Fiel”.
Na corte judicial, a testemunha
testifica, ou dá testemunho. Jesus disse para Pilatos: “Eu vim a fim de
dar testemunho da verdade” (Jo 18:37).
O verso 9 o autor se apresenta como estando
em Patmos por causa da “Palavra de Deus” e por causa do “Testemunho de Jesus”. O
que seria o “Testemunho de jesus”?
Em Apocalipse 12:17 diz que o Dragão
irou-se contra a mulher e foi fazer peleja com os restantes da sua descendência,
e os caracterizam como: “Os que guardam os mandamentos de Deus e têm o
testemunho de Jesus”. Poderíamos identificar a expressão, por meio de analogia,
“Mandamentos de Deus” com a expressão “Palavra de Deus”, ou seja, a TORAH; e o
que seria o “Testemunho de Jesus”?
Em 19:10 diz: “Sou conservo teu e dos
teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus”, e continua: “o testemunho de
Jesus é o espírito da Profecia”. Assim, apreendemos que o “Testemunho de Jesus”
é o “Espírito da Profecia”, ou seja, a revelação recente de Jesus. Poderíamos inferir
que as duas expressões seriam, por analogia, o Antigo e o Novo Testamento. João
estaria preso por causa das revelações contidas no Antigo Testamento e por
causa das revelações contidas no Novo Testamento.
11.
BEM-AVENTURADOS
Do grego makários. Significa Feliz, Ditoso. Alguns sugerem como uma alusão
ao texto de Lucas 11:28. É-nos dito: ”Bem-aventurados são os que ouvem a
palavra de Deus e a guardam”. Sendo uma palavra de Jesus, e estando João
presente quando estas palavras foram ditas, João melhora a fórmula dando uma
tríplice bênção:
a. Àqueles
que lêem
Sem
dúvida, trata-se de uma referência primária àquele designado pela igreja antiga
para ler os rolos sagrados em públicos. João visualiza a leitura pública da
epístola , que ele dirige às sete igrejas que se encontram na Ásia Menor (v. 4).
Essa prática cristã reflete o antigo costume judaico de fazer a leitura da lei
e dos profetas na sinagoga a cada sábado (Atos 13:15,17; 15:21, etc). A ordem
implícita de que o Apocalipse fosse lido nas igrejas da Ásia sugere que sua
mensagem começava a se aplicar à igreja nos dias de João.
Isto é,
os membros de cada igreja. A membresia geral da igreja. Enquanto que a primeira
benção recai sobre os que leem, ou seja, àqueles que estão na leitura do texto
no coletivo, e a segunda bênção recai sobre aqueles que, estando ao coletivo
ouvindo a leitura, também são agraciados com a bênção de Deus.
b. Os
que guardam
A forma
verbal grega sugere a guarda habitual ou observância das admoestações do livro
como norma de vida. Guardar teria o sentido de viver, vivenciar. Guardar as
palavras da profecia seria observar, vivenciar as admoestações contidas no
livro.
12.
O TEMPO ESTÁ PROXIMO
O tempo, do grego, Kairós.
É traduzido como tempo no sentido de tempo específico, uma época
propícia, separada de antemão para determinado evento. Assim disse jesus quando
falou de um tempo: “o tempo está cumprido” (Marcos 1:15). Jesus não estava
falando de um tempo cronológico, mas de um tempo especial que estava para
chegar e quando chegasse não deixaria de ser, de existir.
CONCLUSÃO
Deus
é o revelador. A revelação é sobre Jesus Cristo, sendo Ele mesmo o originador
da revelação. Essa revelação, que nasce em Deus, passa por Jesus, é transferido
ao anjo Gabriel. De Gabriel passa ao servo João, que, por sua vez, chega até
nós e nos é dada uma bênção tripla: ler, ouvir e guardar.
Devemos,
como igreja, estudar o livro do apocalipse pois o tempo se aproxima. E cada
século que passa, cada ano que termina, cada dia que voa acrescenta urgência e importância
ao estudo desta porção que conclui a Bíblia. Nunca houve um período em que
estes ensinamentos fossem tão
importantes como agora.
APELO
Quer
você receber essa bênção da parte de Deus? Leia as Escrituras. Ouça-a sua
leitura quando estiver sendo lida na igreja. Guarde, conduza a sua vida de
acordo como o que está neste livro. E Deus lhe abençoará.
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