ELE REPARTIU A SUA GLÓRIA, SENDO ELE A GLÓRIA DE DEUS

ELE REPARTIU A SUA GLÓRIA, SENDO ELE A GLÓRIA DE DEUS (Colossenses 1:26,27)

INTRODUÇÃO

1. O cristianismo iniciou-se como uma religião de Mistério. 

Religiões de Mistério são religiões que têm um corpo de conhecimentos secretos. Nela, há um conjunto central de crenças e práticas de natureza religiosa que são reveladas apenas aos iniciados em seus segredos.

As religiões de mistérios eram comuns na Antiguidade, sendo exemplos delas os mistérios de Elêusis, o orfismo, o pitagorismo, o culto à Ísis, o culto a Mitra e os gnósticos. Nos tempos modernos, algumas das religiões de mistérios praticadas são o rosacrucianismo e a religião dos drusos.

Esse Mistério, dentro do cristianismo, segundo o texto bíblico, "estivera oculto" a todos das demais gerações. E conhecimento oculto é a base das religiões de Mistério, assim como é comum o processo de Revelação de tais Mistérios.

2. Jesus Cristo é a Revelação do Mistério.

Os Mistérios eram, em todos os países nos quais eram praticados, uma série de representações dramáticas, onde a cosmogonia e a natureza oculta eram personificadas por sacerdotes e neófitos, desempenhando o papel de diferentes deuses e deusas, repetindo alegorias (cenas) de passagens de suas vidas. As encenações eram posteriormente explicadas aos candidatos em seu sentido oculto e incorporadas às doutrinas filosóficas e a vida cotidiana.

Cada representação, símbolo, personificações, representações dramáticas, tudo era dado mas os significados de tais emblemas somente era dado aos iniciados. E mesmo assim, havia níveis de Revelação, onde os graus e as hierarquias propostas por tais religiões proporcionavam níveis diferentes do conhecimento oculto dentro do sistema religioso.

No cristianismo, Jesus é esta Revelação. Obscurecido pelos símbolos, e pela falta de conhecimento dos não iniciados, somente era visto e notado por aqueles cujo conhecimento abraçou a fé cristã. A estes nada lhes é obscuro. Jesus é, dentro do cristianismo, a chave hermenêutica onde todos os símbolos, princípios, valores, temáticas bíblicas geral são interpretados. Tudo passa pela sombra da obra de Cristo. O Messias é a própria Realidade de onde as demais coisas são apenas símbolos e representações da realidade última em Cristo Jesus.

Este Mistério, outrora "oculto dos séculos e das gerações", "se manifestou aos Seus santos", ou seja, há uma classe de iniciados onde não há Mistérios que lhes sejam ocultos. Revelados porque Cristo, a Revelação do Mistério, Se tornou manifesto. A isso, o cristianismo primitivo chamava de "a Epiphania do Cristo", ou a manifestação do salvador.

3. O Mistério é revelado por Cristo e nós fazemos parte deste Mistério.

O Mistério "oculto dos séculos e das gerações", manifesto "aos Seus santos", é "Cristo em nós". Sendo "Cristo em nós" e nós em Cristo, e Cristo sendo o próprio Mistério, Ele em nós e nós nEle, em Cristo fazemos parte deste Mistério. Estamos, em Cristo, e por Cristo, mergulhados no Mistério. O Mistério diz respeito a não somente o que Cristo é e fez mas também a quem e por quem tudo o que foi feito se fez.

Isso torna o cristão uma participante do Mistério, parte de tudo aquilo que em Cristo nos é revelado. A obra de Cristo não somente diz respeito ao que Ele é e fez mas fiz respeito também a quem e por quem tal obra realizada foi de fato realizada. 

Sendo assim, estamos no Mistério. Fazemos parte do Mistério. O Mistério diz respeito a nós. Por extensão, somos o Mistério estendido. Tudo em Cristo diz respeito ao que Ele fez em favor da salvação do homem. Isto nos torna participantes do Mistério.

4. O Cristo revelado é a própria Glória de Deus.

Cristo não somente é a Revelação do Mistério, como Ele próprio é o Mistério. E o Mistério é, em última instância, a própria Glória de Deus. Aquilo que o Antigo Testamento chama de Shekinah, o Novo Testamento chama de Jesus Cristo. E se em última análise, o Mistério é revelado por Cristo e é o próprio Cristo, e esse Mistério, Cristo, é a Revelação da Glória de Deus, e fazemos parte deste Mistério. Podemos inferir que estamos, em Cristo, fazendo parte da própria Glória de Deus. 

Porque Deus estava em Cristo restaurando a humanidade, trazendo a humanidade de volta ao padrão dado por Deus no princípio. Deus e sua Glória é revelada em Cristo e nós fazemos parte desta glória revelada.


DESENVOLVIMENTO: DEFINIÇÕES

A palavra "glória" é uma das grandes palavras da revelação divina, e sugere uma relação de conhecimento e compromisso. Conhecimento porque está diretamente relacionada com a expressão visível da presença de Deus; de como se revela ao ser humano por meio de seus atos poderosos, na criação e na redenção. 

E compromisso, devido ao fato dessa revelação não ser limitada a nós. Temos que transmití-la aos semelhantes, como missão de vida e de serviço.

TRÊS TIPOS DE GLÓRIA

1. A glória humana;

Revelando jactância ou pretensão de ser algo importante naquilo que faz para satisfazer o ego pecaminoso.

2. A glória mundana;

Expressão maior daquilo que representa a satanás e artificiosa maneira de iludir os incautos com o efêmero prazer das mundanidades e do pescado.

3. A glória Divina;

Na forma de uma radiante luminosidade ou resplendor, que atribui à visível manifestação do poder de Deus.

JESUS E SUA GLÓRIA

De maneira especial, isso foi relevante na vida e no ministério de Jesus. Desde o Seu nascimento, passando por Sua juventude, Seu Ministério, paixão e morte perto de Jerusalém, essa glória, embora velada pela humanidade, vez por outra aflorava magníficamente.

Em Mateus 29:18; João 17:5; Atos 7:2; Apocalipse 4:11. 

A "GLÓRIA" NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, frequentemente, o uso da palavra "Glória" (kabod) é aplicado a Deus, estando seu significado associado à honra, esplendor e reputação.

Mais tarde, desenvolveu um sentido de presença visível ou manifestação divina que os judeus chamaram de Shekinah.

A "GLÓRIA" NO NOVO TESTAMENTO

No Novo Testamento, a palavra destaca -se visível glória (Doxa), como expressão da íntima essência e caráter de Deus, e como absoluto louvor, no sentido de tributar -lhe a glória devida.

JESUS: A GLÓRIA DE DEUS 

Nos dois Testamentos, o termo é aplicado à manifestação de Deus em favor da humanidade caída, que teve seu clímax na presença visível de Jesus. A espontaneidade da manifestação dessa glória está na operação do Seu poder em favor se outros, através da vida e Ministério de Cristo. 

Em Lucas 2:20, no nascimento de Jesus, os pastores viram a glória de Deus. A mesma glória foi vista na ressurreição do filho da viúva de Naim, em Lucas 7:16. A mesma glória e vista pelo cego de Jericó, em Lucas 18:42.

CONCLUSÃO 

1. O Mistério de Deus Revelado é a Sua própria Glória em Jesus Cristo;
2. Estamos mergulhados neste Mistério como coparticipantes;
3. Jesus é o Shekinah de Deus e a Doxa do Pai


Texto baseado no artigo de Rafael Luiz Monteiro, Revista Ministério, Nov/Dez de 1996.



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