PERFECCIONISMO

PERFECCIONISMO

INTRODUÇÃO 

Provavelmente, a primeira vez em que houve um confronto na igreja a respeito da natureza de Cristo deve ter sido por ocasião do pronunciamento de A. T. Jones, na Assembléia da Associação Geral de 1895:

A POLÊMICA 

"A natureza de Cristo é precisamente a nossa natureza. Em Sua natureza humana não há sequer uma partícula de diferença entre Ele e você".

Jones foi confrontado pelos delegados com a declaração de Ellen Whitte, citada anteriormente:

"Como Aquele que é sem pecado, sua natureza repugnava o pecado".

Jones buscou uma evasiva:

"Ele foi feito em semelhança de carne pecaminosa; não em semelhança de mente pecaminosa. Não arrastemos Sua mente a isso. Sua carne era nossa carne, mas a mente era a mente de Cristo Jesus".

PONTO FUNDAMENTAL: CRISTO PODE, NÓS PODEMOS 

Por causa dessa diferença de opinião, alguns irmãos dissidentes insistem até hoje que a principal razão para a apostasia de Waggoner e Jones, os dois baluartes da verdade da justificação pela fé, teria sido exatamente uma "rejeição" por parte da Igreja, de sua visão acerca da natureza pós-lapsariana de Cristo.

A razão para a insistência no fato de que Jesus tenha recebido a natureza pecaminosa de Adão após o pecado, mesmo contrariando as declarações de Ellen Whitte, é simples: eles querem estabelecer o ponto fundamental de que o que fez nós também podemos fazer.

"É impossível ter a fé neotestamentária em Cristo e continuar pecando. Não podemos nos desculpar alegando que somos apenas humanos... Ele [Cristo] não pode misturar ministrar para sempre o Seu sangue, em substituição, para cobrir o pecado perpétuo de Seu povo. Ele deve ter um povo que vença como Ele venceu, um povo que condene o pecado na carne, dizem Robert Wieland e Donald Short".

UMA IGREJA PERFEITA

Uma defesa do perfeccionismo jaz no cerne desta disputa. O desejo de que a igreja atinja a perfeição das obras é motor de uma insistência quanto ao ponto de que Cristo tenha tido prepensões para o pecado.

M. L. ANDREASEN

Um outro baluarte da teologia adventista, que caiu vítima deste engano, foi M. L. Andreasen, autor de O Ritual do Santuário. Ele acreditava que o grupo vivo por ocasião do retorno de Jesus terá alcançado absoluta perfeição ou santidade.

Antes que a volta de Jesus possa ocorrer, os 144 mil terão eliminado e destruído o pecado, o que ele considerava como sendo parte da purificação do santuário.

Diz andreasen:

"Enquanto caminhamos pela senda da santificação, enfrentando um problema de cada vez, progredimos em santificação e nos aproximamos da santidade. Desde o momento em que começamos, Deus nos está imputando justiça. Não estamos ainda perfeitos, mas estamos na direção certa, e se morrermos antes de alcançar o alvo, Deus julgará nossos motivos e dar-nos-á crédito pelo que teríamos feito caso tivéssemos tido a oportunidade ".

Essa declaração e notadamente legalista. Andreasen ensinava que a volta de Jesus só poderia ocorrer quando Ele não mais disse detido no santuário celestial pela obra de interceder em favor dos pecadores. 

Quando Seu povo, na terra, tivesse alcançado a perfeição, então Ele poderia abandonar o Seu ofício e vir ao encontro deles. Mas, para que pudesse estabelecer esse tipo de teologia, era necessário que ele a fundamentasse com o ensinamento de que Cristo tinha propensões para o pecado.

CONCLUSÃO 

Dizia Andreasen:

"Que Deus tenha isentado a Cristo das paixões que corrompem o homem é o acme de toda heresia. É a destruição de tuda a religião verdadeira e anula completamente o plano da redenção. Faz de Deus um enganador e de Cristo o Seu cúmplice".

Por causa de toda a amargura e ressentimento que restaram dos confrontos de Andreasen com outros teólogos adventistas, especialmente com L. Roy Froom, W. E. Read, T. E. Unruh e Roy A. Anderson, passou a assumir uma atitude contrária à igreja, que acabou culminando com a sua suspensão de suas credenciais, em 1958.


Milton L. Torres, Revista Ministério de Nov/Dez de 1996.



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