APOCALIPSE: MISTÉRIO OU REVELAÇÃO?Apocalípse 1:1
INTRODUÇÃO
João, o apóstolo amado, o filho de Zebedeu, o filho do trovão, é inegavelmente o autor do livro do Apocalipse. E esta idéia foi compartilhada por todos os pais da igreja e por todos os cristãos do período formativo da igreja cristã.
João era um preso político, preso na ilha de Patmos, uma ilha na costa do mar ageu. Lá estava por ser considerado uma ameaça para o estado romano.
Sua periculosidade residia no fato de estar divulgando idéias que conflitavam com as idéias romanas, sobretudo sobre a quem devemos prestar culto. Enquanto os romanos desenvolvem um culto personalista à figura do imperador, Domiciano, os cristãos foram considerados subversivos porque militavam contra esta proposta romana.
sendo João um dos líderes deste novo movimento em ascensão, tendo sua influência constatada pelo avanço do cristianismo, o apóstolo é neutralizado em prisão reclusiva em Patmos. Mas, gozava de certos privielégios, como receber visitas e enviar cartas. Neste particular, muitas cartas saíram de Patmos e sustentaram o cristianismo do primeiro século.
I - REVELAÇÃO
A palavra grega "apocalipse", no grego, koinê, significa tirar o véu, descobrir, mostrar, revelar, expor. Nos traz a idéia de alguma coisa que estava escondida e passa a estar à mostra, descoberta, exposta. Temos, então, a idéia de alguma coisa que está sempre vista, mostrada, anunciada.
II - DE JESUS CRSITO
1. Posse: os dois substantivos, tanto "Jesus" como "Cristo", estão no caso genitivo, um tipo de construção no grego que indica uma relaçao de posse entre o sujeito e o predicado. Por conseguinte, a Revelação é de Jesus Cristo porque Ele seria o seu possuidor. Jesus seria o dono da Revelação.
2. Conteúdo: outra forma de entender o Genitivo, outra possibilidade de entender este pedaço de frase seria ver o Genitivo trazendo uma idéia de conteúdo. Seria o caso da "Revelação" ser de Jesus Cristo porque Ele é o Conteúdo, o assunto da Revelação. Essa forma de ver o texto coloca Jesus no centro da Revelação.
3. Resumindo: tendo em vista as duas possivlidades, e sendo as duas formas plausíveis, é plenamente possível os dois modelos de interpretação da frase. Sendo assim, a frase "Revelação de Jesus Cristo" se trataria de uma Revelação que tem o próprio Jesus como seu dono e tem o mesmo como conteúdo. E ainda teríamos uma terceira possiblidade de anaálise da frase que daria conta de que a "revelação" é de Jesus Cristo porque teria origem nEle. É de Jesus Cristo porque tem origem nEle.
III - DEUS LHE DEU
1. Esta estrutura de frase apresenta Deus como o Revelador da Revelação. Esta idéia não nos é estranha, pois temos textos do Antigo Testamento que dão conta de um Deus Revelador. Em Daniel 2:22 o profeta apresenta Deus como Aquele que "revela o profundo e o escondido...", E no verso 28 ele diz que "há um Deus no céu, o qual revela os mistérios..." E ainda acrescenta no verso 29: "... Aquele, pois, que revela os mistérios te revelou o que há de ser.". Sendo apresentado a um Deus assim, Nabucodonosor não teve outra saída a não ser exclamar: "Certamente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois púdeste revelar este mistério" (v 47).
2. Sendo assim, temos, no Apocalipse, Deus sendo apresentado como Aquele que Revela, o Deus Revelador de Mistérios. Ele é o possuidor da Revelação. Sendo Ele o possuiddor da Revelação resta a Jesus Cristo ser o conteúdo da Revelação. E ainda mais, o primeiro anunciador desta mesma Revelação, já que esta mesma Revelação Lhe foi dada por Seu possuidor, Deus. A Revelação é dada a Jesuss Cristo por Deus e Jesus passa a ser o seu primeiro anunciador.
IV - MOSTRAR A SEUS SERVOS
1. O verbo "mostrar", no grego, "deiknuo", traz a ideia de mostrar, expor, revelar. Provavelmento um sinônimo para a palavra "Apocalipse". Em Mateus 4:8 o mesmo verbo é usado para descrever a cena em que Satanás tenta Jesus lhe mostrando "todos os reinos do mundo e sua grandeza". Foi um mostrar panorâmico, uma vista geral. Tal qual aconteceu em Mateus, tanto assim aconteceu com o Apocalipse. Foi dada aos "servos" uma visão panorâmica, geral, do conteúdo e de tudo o que se encontra revelado. A idéia é repetida em Apocalipse 22:6 onde nos é dito que um anjo foi enviado para mostrar aos servos as coisas que precisam acontecer logo. Tanto assim no verso 8, onde o anjo aparece com o mesmo objetivo: mostrar. Ainda no verso 16 a idéia se repete.
2. No caso do substantivo "servo" temos duas possibilidades aceitas pela maioria dos estudiosos, A primeira é que o substantivo grego Doulos se refira aos profetas e apóstolos da igreja (incluindo os profetas do Antigo Testamento). Por extensão, a liderança ativa da igreja cristã primitiva. A estes são dados as Revelações, dos dons da profecia. Em II Reis 17:23 os profetas são chamados de servos. Assim como em Jeremias 25:4; Daniel 9:10; Amós 3:7. E no Novo Testamento, temos o apóstolo Paulo usando a mesma palavra para se referir à sua pessoa como servo, assim como em Filipenses 1:1. E a segunda possibilidade para o uso da palavra grega Doulos, do grego, é ela também incluir, juntamente aos apóstolos e profetas, todo o corpo de cristão dentro do Corpo de Cristo. Em Romanos 6:18 Paulo argumenta que todos os crstãos, em Cristo, estão libertados do pecado. E, uma vez livres do pecado, "servos da justiça", "servos de Deus" (v. 22). Em II Coríntios 4:5 Paulo chama todos os irmãos da igreja de Corintios de "servos, por amor de Cristo". Em Gálatas 5:13 o apóstolo reconhece cada cristão da Galácia como "servos uns dos outros".
V - MOSTRAR AS COISAS QUE EM BREVE DEVEM ACONTECER
1. O livro do Apocalipse é uma Revelação. Uma Revelação da parte de Deus. Esta mesma Revelação tem um caráter de urgência. Estamos todos inseridos nesta Revelação e nesta urgência.
2. Enquanto o homem se contra perdido e confuso e desorientado, Deus revela um norte, aponta para uma direção, um sentido. Não estamos perdidos. O Apocalipse é para nós um mapa, uma bússula.
Francimar Pires
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